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 No âmbito dos trabalhos de Pesquisa e Extensão, o Arquivo Histórico de Moçambique organiza periodicamente um Seminário sob o Lema "ARQUIVOS, HISTÓRIA E MEMÓRIA". O objectivo deste Seminário é apresentar à comunidade académica e outros interessados os resultados da pesquisa sobre estas temáticas, desenvolvidas por investigadores, estudantes de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento nas diversas instituições de ensino.  
Neste âmbito o AHM realizou mais uma edição que teve lugar no dia 22 de Setembro de 2017, no Complexo Pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane - Anfiteatro nº 2501 das 08:30h às 13:00h. Nesta edição foram apresentados os resultados das pesquisas; de um Investigador da CROME, de dois estudantes de Mestrado em História de Moçambique e África Austral da Universidade Eduardo Mondlane e três estudantes de Doutoramento em História de África Contemporânea da Universidade Pedagógica.

O seminário contou com três painéis. O primeiro painel foi composto por três doutorandos em história contemporânea da Universidade Pedagógica.
O primeiro orador foi Eceu Muianga com o tema, “ O arquivo, memória e produção historiográfica: Que reflexões? O orador fez uma discussão em torno das definições dos termos de arquivo e memória. Onde chegou a conclusão que há uma relação de dependência entre o arquivo e a memória, uma vez que o arquivo é o guardião da memória. Ao longo da sua locução o orador tentou explicar em que medida os arquivos contribuem para a História e, que o desafio de hoje como pesquisadores é resgatar a memória.
O segundo orador, Bento Neves com o tema, “ Arquivo especial: Os desafios para a conservação do património audiovisual em Moçambique”. Neves usou a TVM como estudo de caso e os desafios que esta instituição tem para a preservação e conservação do material audiovisual, tomando em conta o estágio actual mormente o elevado número de gravações, reutilização das fitas e o seu mau acondicionamento.
Maria da Costa Xavier com o tema “ A contribuição da história oral para o resgate da memória cultural: caso da dança Nyau na província de Tete” foi a última oradora do painel. Xavier vincou os valores intrínsecos da dança Nyao – resistência física, instrução e educação – que devem ser explorados e preservados.
O segundo painel, dedicada às memórias da luta de libertação, tinha como moderadora a Prof. Doutora Alda Saúte Saide. Coube ao Albert Farré, investigador do CROME, a parte introdutória deste painel, tendo analisado “A memória colectiva da luta armada de libertação: A representação do combatente depois da independência”. Na sua apresentação, Farré sublinhou que o que é fundamental na memória é a relação entre o silêncio e o esquecimento. A importância de considerar a memória como o Estado da Nação e esta de ter uma abordagem abrangente.
O segundo orador Simão Jaime, investigador do AHM, apresentou o tema, “Contribuição do AHM na recolha de depoimentos dos combatentes”. Jaime salientou a contribuição do AHM na recolha e preservação da memória sobre a luta de libertação nacional através da organização de vários eventos de capacitação/ formação de técnicos para recolha de informação, transcrição e tradução para os funcionários do MICO. Ao nível da recolha mencionou o projecto Hashim Mbita.
Por seu turno, João Fenhane, Director Geral do ARPAC começou por falar da missão do ARPAC e em seguida destacou a contribuição desta instituição na preservação das memórias sobre a luta de libertação nacional através da pesquisa e publicação da vida e obra dos heróis nacionais e outros combatentes.
O último orador do segundo painel foi Calisto Baquete, investigador no MICO, apresentou a contribuição do centro de pesquisa do MICO através da recolha dos depoimentos dos combatentes que não sabem escrever as suas memórias. Abordou a questão da censura no acto da publicação e o papel da memória individual para a reconstrução da memória colectiva.
O último painel tinha como moderador o Dr Napoleão Gaspar, docente na UEM, e como oradores Rui Chicoffer e Bonomar Adriano, estudantes do curso de mestrado em História de Moçambique e África Austral na UEM.
Rui Chicoffer, ao analisar as formas de resistência no sul de Moçambique abordou a questão do papel da igreja metodista wesleyana no processo de luta, no período compreendido entre 1920 a 1965. Afirmou que vários factores contribuíram para a reacção da igreja. Segundo o orador a resistência foi sob forma de greves, fugas e criação de grupos associativos.
O último orador Bonomar Adriano com o tema” O legado dos líderes africanos e os desafios do presente”. O orador sublinhou a necessidade de se repensar os caminhos percorridos, rebuscar o legado dos nacionalistas e recuperar-se a ética na pesquisa em busca de epistemologias alternativas.